segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Medo, contos e noites

     O som daqueles trovões mais se parecia com gigantescas chibatadas partindo os céus e quase chegando até mim. Eu podia sentir aquela vibração penetrando meus nervos e fazendo meus músculos se contraírem um a um. Grandes chicotes de fogo que iluminavam como relâmpagos toda a floresta. Eu olhava apreensivo para o teto da barraca que pesava sobre as fortes chuvas. Eu estava sozinho, no meio da mata, sob um forte temporal, onde a escuridão reinava.
     O vento empurrava ondas de chuva sobre a lona e eu temia que mais cedo ou mais tarde a barraca se desmanchasse. Mas isso nem se comparava à aqueles sons que faziam minha espinha gelar. Os calafrios percorrendo minhas costas, se estendendo pelos braços enquanto minha mente divagava tentando não imaginar o que me observava lá fora. Eu apenas via sua forma escura e seus olhos vermelhos refletindo aqueles relâmpagos, e a cada raio ele estava mais próximo de mim.
     Fechei os olhos rezando para ser apenas um sonho, mas eu sabia que não era.
     Do meu lado, a menos de um metro daquela fina lona da barraca, um forte barulho de galhos se partindo me fez encolher-me nas cobertas. Outro relâmpago, ele não estava mais lá. “Será que deu a volta e está do meu lado?” pensei.
     O medo começava a tomar conta de mim. Eu estava sozinho.

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