terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Ignor

Bela é a ignorância, pois ela nos concede forças e chão. Quando abrimos os olhos do espírito para além do conhecimento ignorante, nos perdemos, pois o além é infinito, sem certezas e resultados, é o caos e o equilíbrio divinos, incompreensível à mente humana. Não sei até onde vale a pena tal liberdade, pois que muito se perde de nós mesmos. É claro que este é um grande passo para a existência, mas qual será o resultado de tal ação? Estou longe de compreender as respostas. Sei que agora sou mais do que fui outrora, mas nada sou para aqueles que abandonei no passado da ignorância. Não posso trazê-los, pois seria condená-los às mesmas dores, mas também não posso suportá-los em seus mares e mundos de verdades pré-formuladas, as quais, para meu coração, ainda são muito significativas, pois são onde eu fundei as estruturas de meu ser, me soltando depois de suas correntes e partindo para além, para o desconhecido e incompreensível poder da sabedoria.

TEXTOS PERDIDOS - Livro "A Pequena Semeadora de Mundos"

Este livro não busca dar palavras à consciência. Não busca levar mensagens. Não busca criar esperanças ou emoções canções. Não busca nem ao menos entreter ou servir de passa tempo. Esta obra, a que tu te deparas, nada busca que você possa buscar em um livro. Ela apenas existe ao acaso do destino e da criação daquele que a escreveu. A aqueles que desejem seguir com tal leitura, eu vos proponho viverem-na, pois que nada acharão sem dela primeiro fazerem parte.

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Depara-te com uma História, uma História com um principio, mas provavelmente sem um fim. Ela te arrastará por tempos e tempos, fazendo sua consciência perder-se entre ilusões e lembranças. À medida que as páginas passarem, não saberá a diferença entre o que é, o que foi e o que será, mas não te assustes, pois tudo, absolutamente tudo, constitui-se de algo necessário para o entendimento. A cada página uma nova lembrança, uma nova existência ou uma nova fonte de realidade se mostrará, e cabe a ti desvendar essas linhas que a muito foram esculpidas na dura rocha de meu espírito.

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Autoria Gilberto G. Sendtko
Projeto "A Pequena Semeadora de Mundos"
PRONAC 08.2625
Ministério da Cultura, Governo Federal

Palavras do Autor

Sabe, é engraçado. O Senhor nos deu a vida e a ela nós fomos entregues. E nela se tornamos fugitivos de nossas próprias cadeias, senhores de nossas próprias dores e caçadores de nossos próprios medos. Somos sempre e acima de tudo criadores. Criamos nossas dores, criamos nossos amores, criamos nossos valores e costumes, criamos o circo e a eutanásia. Somos senhores sem trono, somos amantes de uma vida onde caçamos nossas próprias criações, onde buscamos aquilo que um dia desprezamos e até destruímos. Então, como podemos dizer que não somos livres, se aquilo que sentimos nem o próprio Criador ousa controlar? Criamos e destruímos, recriamos e reciclamos, fazemos e nos esquecemos, valorizamos, repugnamos e amamos, e ao fundo, quem sabe dizer o que é certo, errado, divino ou diabólico?
Eu não sei as respostas. Não tenho respostas nem enigmas à dar. Não tenho caminhos nem conselhos. Só o que sei é que amei, e amando passarei para sempre. Amei as companhias, amei as palavras, os gestos e as canções, amei os risos e os choros, as brigas e os abraços. Assim sendo, sou aquilo que um dia criei, em verdade, em sentimento, em vontade e em divina consciência. Que assim seja, pois assim é e assim para sempre o será.

V S S

Sabe... Quando me pego olhando para a primavera, contemplando o solstício de verão, as ondas do inverno ou os farfalhar do outono, não percebo o quão belos e imponentes eles são, não percebo a magia ou a vida, o ciclo ou a perfeição... Contemplo a sua existência em si mesma e o puro fato de eu poder saber que eles existem!